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sábado, 6 de dezembro de 2008

Conversando com a dor




Dor. Quero dizer-lhe que não sei de onde vens; só sei que te carrego comigo na inconsciência da tua origem há séculos.
Você dói em meu peito e minha alma e fico procurando os porquês nas situações que crio para te sentir. Um masoquismo estranho, sem sentido.
Agora sei que és velha demais. Creio que precisamos descansar. Você pela idade e eu porque preciso desse espaço para o novo.
Mas, me diga o que eu faço para que me libertes?
Não sei de onde tira forças para se apossares de mim!
Choro. E é por ti. Prendes-me à garganta um velho grito que não sai. Um grito que aprisionas nas profundezas do meu ser.
Às vezes consigo conviver contigo e é quando me enganas e se esconde. Quando a vida me presenteia de sorrisos, sonhos e realidade. Quando me liberto e sinto prazer.
Parece durar pouco, aparece das sombras. Vigias cada conquista, cada passo meu em busca da liberdade. Não me deixas em paz.
Dói enquanto cresço, dói enquanto ganho consciência, dói e aperta meu peito me impondo a morte e ainda assim te encontro na encruzilhada e nas trevas.
Peço-te que saias do meu caminho. Não te quero mais. Nem sei se um dia quis! Vá e descanse imploro-te ! Não preciso de ti. Aprenda a morrer também!
Quem te disse que és mais do que eu? Se te dei este poder também devo saber retirar.
Utiliza-se de subterfúgios externos sem coração para usares o meu. Assim te reconheço na insensibilidade e na falta de respeito e você dói até a indignação.
Eu te reconheço sim. Moras no apego. Mas para onde vou não posso mais te carregar. Pesas demais. Te liberto e me liberto,pois, pertenço a mim e não a ti. Pertenço ao amor e não a dor.
Descanse em paz. E na hora da nossa morte AMÉM! Elaine B.B. 15/04/2003

Um comentário:

Pérola disse...

Conversar com a dor é complicado. Muitas vezes ela não quer nos ouvir e nos castiga com intensidade. Ela tem poder sobre todos nós e conhece nossos pontos fracos. Basta não deixarmos ela dominar aquilo que está bom. (:

Adorei o texto! Muito bom.