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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Quem é Ele?


No sorriso de um palhaço,
Com total desembaraço,
Contagia a platéia a sorrir.
Em cambalhotas é pura graça,
Faz do picadeiro seu prazer.
Esconde-se atrás da máscara,
Doa sua vida as crianças,
Que apagam as lembranças,
Da solidão que o faz sofrer.
Quando as luzes se apagam...
E o show já terminou.
Os aplausos ainda ecoam
Na confusão da sua mente.
No camarim tira a maquiagem,
O sorriso morreu.
Quem é ele?
Não sabe mais. Esqueceu!

Elaine Barnes 26/10/1993

A Pipa


No céu, o vento embala uma pipa.
Empina os sonhos do menino.
Ele voa com ela distraido.
O que sonha um menino?
Sonha em abraçar a vida como campeão!
Acorda quando a pipa vai embora,
Deixando a linha na mão.
Faz outra em papel colorido e
Novamente no céu,
Ela reflete a alegria do seu coração.
Para seu tamanho uma pipa é tudo!
Naquele momento ele é dono do mundo.
É um campeão!"
08/06/1996
Eles ainda empinam suas pipas e eu vivi os sonhos deles por não ter os meus.
Agora, não ainda uma anciã,empino nas linhas do papel, uma história sendo escrita sem pretenções de nada, a não ser de melhorar o que sou. Me conhecer melhor e conviver melhor!
Elaine Barnes

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Como Cortesã



Quero no aconchego dos teus braços,
Acariciar teus cabelos,
Ficar de conchinha até você dormir.
Penetrar nos teus sonhos e
Teus segredos descobrir.
Beijar a carne dos teus lábios,
Na volúpia do teu corpo ir e vir.
Como cortesã, saciar teus desejos.
Essa libido, essa fome de amor,
Faz minh’alma tremer;
Fica na minha vida mais um pouco!
Deixa-me colar meus beijos no teu corpo...
Com o meu calor te deixar louco,
Te amar até o sol nascer.

Elaine Barnes 24/02/2009

Vulgar




E assim, vestida de carnaval,
Reuni-me com as amigas.
Todas lindas e animadas,
Em nossos vestidinhos,
Todas maquiadas e perfumadas,
Capricho Total!
Dentro do carro, no caminho...
A farra já era grande.
Lá a fila estava gigante!
Vários ambientes pra dançar,
Forró, sertaneja e espuma no ar!
Muita alegria, carnaval contagiante.


Altas horas de suor e cerveja...
A banda chamou mulheres ao palco,
A proposta era tirar a calcinha.
Streep tease gratuito de salto.
Os homens ao delírio;
Soutiens na mão, calcinhas no chão.
Algumas em nu explícito!
Vulgaridade e provocação.
Triste realidade . Sem valor,
Essas mulheres fizeram sexo
Com centenas de homens sem razão.
Em nome da apelação!


Elaine Barnes 24/02/2009

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Pura Bijouteria


Ah, hoje eu vou me arrumar!
Que abandono é esse?
O pior não é quando alguém te deixa!
O maior pecado é quando a gente se abandona.
Então, hoje é o dia do meu grito de carnaval!
Xô tristeza! É meu dia de beleza!
Já fiz as unhas dos pés e das mãos;
Fiz designer de sobrancelhas;
Sofri na depilação...
Tirei o dia pra mim!
Me deitei na massagem,
Tomei ofurô com jasmim.
Relaxei a tensão.
Fiz uma bela maquiagem...
Me enchi de coragem,
E guardei meu coração!
Hoje eu quero ser a passagem,
Do desfile da alegria!
Quero por meu bloco na rua...
Cheio de novas fantasias!
Dançar com a alma nua,
Mesmo sem companhia.
Quero ser o brinco da lua!
Pura bijouteria!
Xô tristeza! Cansei desse luto!
Vem cá coração, vem pra avenida!
Põe alegria nesse tum... tum...
Hoje eu sou toda bateria!

Elaine Barnes 19/02/09

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Beijo na Boca Tem Cor!

Às vezes me pego pensando na importância de um beijo.
Quando realmente quer beijar.
Quando o corpo todo vira uma só boca;
E você fica inteiro num beijo.
Quando ele tem o valor que você dá.
A lua vira queijo...
Seus olhos fecham como comportas no mar,
Como se as ondas pudessem ser somente suas!
Batem e voltam dentro de você. Arrebentam de prazer.
As mãos tocando sua nuca com dedos de mimos a te beijar.
A intenção dos lábios se procurando, sabendo que é você que ele quer.
Não apenas uma boca qualquer. É a sua!
É a sua que importa. Afeto e ternura.
E depois... Sempre tem o depois;
Fica aquele gosto de quero mais!
Abrem-se as comportas e todo o mar te invade.
As bocas se procuram de novo e beijam de verdade.
As línguas se doam na união que se faz.
O chão some dos seus pés e você voa.
O corpo esquenta quase uma febre!
Mas te deixa leve.
Você bóia no mar ou sente asas no estômago.
Beijo na boca com importância tem cor...
É o mercúrio no termômetro do amor!

Elaine Barnes

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Minha Cabeça é Um Texto


Feita de texto minha cabeça tem estórias infantis.
Que ficaram escritas com cera de giz
O pior é quem tem ilustração!

Tem uma menina que nasceu numa festa!
Vestiu fantasia, pulou carnaval,
Brincou na rua de pés no chão.

Tem a amiga Nenê que voou no vendaval!
Tem desfile de primavera na escola,
Sem glória e sem medalha no coração.

Tem estórias de contos de fadas,
Escritas com Cinderela sem baile,
Gato sem botas e quadrilha de São João.

Feita de texto minha cabeça ilustrada,
Tem desenho de menina e boneca,
Tem baba de moça e flor de mulher!

Tem margem escrita e meleca.
Tem viagem por mares de areia...
Castelos erguidos que a borracha apagou.

Minha cabeça é feita de amores...
Nenhum descrevi, nenhum escolhi,
Apenas um texto a cores que ainda não vivi.

Amei a canoa que furou, num texto que afundou,
Na ilustração de um quebra-cabeça,
Que ainda não terminou.

Elaine Barnes

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Estrela Na Palma Da Mão


Que nessa tarde azul,
Eu me banhe de lua,
Vista-me de estrelas,
Abrace-me com ternura.
Preciso tanto de mim!
Que saudades de mim,
Quando a noite chega!

De dia, sinto o aconchego.
O trabalho me abraça...
Eu me penduro no pescoço do mundo,
Agarro-me a ele, lutando pelo pão.
À noite, me penduro na paz.
O silêncio se pendura em mim.
Ele gosta da minha paz
E eu da sua solidão.

Observo as estrelas da minha mente.
São sementes de ternura.
Que saudades da minha lua!
Tinha ilusões tão puras...
Mas...Não tive lua de mel.
Saudades de mim no azul do céu!

A tarde azul trouxe a noite escura.
Solitária e crua, sem solidão.
Pendurada nela, a lua sem ilusão.
Pé no chão e estrela na mão,
Tem cinco pontas perfeitas na palma.
Vou seguindo sua direção,
Na busca de mim, da lua de mel...
Medalha pendurada em meu coração.


Elaine Barnes

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Palavras Tardias


Quisera um dia descrever tua imagem, mas, não o fiz.
O que dizer das palavras, se elas tímidas teimaram em me fugir!
Tarde demais! Quem dera se um dia não me faltassem...Poderia dizer-te que fez de mim alguém; talvez pudesse ter dito mais!
Quem sabe, se as palavras também não lhe tivessem faltado...
Poderia ter me abraçado!
Bem, falo de mim para ti. Esqueçamos o passado.
Tardiamente quero dizer que te amei com admiração.
Espelhei-me na tua imagem.
Aquela que não soube descrever por não ter tido coragem.
Sinto tua falta. Ainda que tarde preciso te dizer!
Agora, ainda timidamente faço uso das palavras, mas, sem medo de escrever bobagem.
Esta tua inesperada viagem, me arrancou uma página que não estava virada.
Faltava um beijo na tua face, um agradecimento...Mais nada!
Agora me falta um pedaço e ainda um aceno de mão espalmada.
Não nos dissemos adeus!
Agora, neste instante posso me despedir com verdade.
As palavras não me faltam mais. Vá em paz!
Mãe, o prazer imenso em te conhecer,
me ensinou no perdão das palavras a escrever...Saudades!

Elaine Barnes
21/08/1995

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Vírgula, Baton e Exclamação!


Uma vírgula!
Coloca aí! Ta pensando o quê? Sou bela, Sou fera, Sou Eu, Sou Mulher!
Uma vírgula! Essa separação é necessária pra saber que uso baton!
Dá-lhe vírgula! Meu baton tem cor, sabor e tentação.
Mulher tem vírgula, mas, também tem exclamação ta!

Sou boazinha (vírgula), até a página nove!
Sou uma doçura (vírgula) se não me jogar sal!
Sou comportada (vírgula) até que me toque!
Sou do bem (vírgula) se não me fizeres mal!
Sou fiel (vírgula) desde que não me troque!
Sou somente sua (vírgula) se você for meu ponto final!
Sou o sabor do baton (vírgula) tira tudo (vírgula) eu tenho um estoque!

Elaine Barnes( hoje, bocadinho agressiva,mas, só hoje!)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

BOCA


Boca que eu quero tanto,
Que tantas vezes secou meu pranto,
Beijando as lágrimas da minha face.
Boca que insinuante, beijou meu corpo,
Abriu o meu porto, sem disfarce.
Mexeu minhas águas errantes,
No mesmo instante, que me fazia tão mulher!
Boca que me entreguei, não disse: “eu te amo”,
Nem ao menos que me quer.
Usou meus lábios como cais!
Boca que desejei,
Cuspiu palavras me machucando...
Não é a mesma que beijei,
Porquê hoje não me quer mais!



Elaine Barnes

22/05/1993

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Plinio Marcos- Arte de chinelos. Duro na queda.


Acabei de ler o livro do Plínio Marcos
“Figurinha Difícil-Pornografando e Subvertendo”

Confesso que me prendi a leitura e devorei a história.
A contribuição cultural que me deu foi de uma riqueza que jamais esperei.
Um livro curto recheado de histórias hilárias e deliciosas retiradas do sofrimento sobre o nosso teatro, prato predileto da ditadura. Autores, atores, escritores em tempos tão sofridos onde até a esperança tinha dono. Não vivi essa época. Vivenciei através do livro. Plinio tinha o coração mole!
Não sabia quase nada dele a não ser que era autor. Um dia o vi num teatro(nem lembro a peça que fui assistir) de chinelos vendendo livrinhos. Alguém me disse:- Nossa, que fim levou o Plínio Marcos, coitado!
Eu imaginei que era um fracassado. Um ator ou escritor em decadência. Grande engano.
Hoje, conhecendo o blog do Léo Lama; lendo as maravilhas dos textos tão bem escritos por ele, fiquei sabendo que era filho do Plínio Marcos.
Por uma amiga, o livro do Plínio chegou às minhas mãos e fiquei apaixonada com a maneira que escrevia e descrevia cada cena que viveu. Seu sentimento, preocupação e indignação com cada dia maldito que o censurava. Cada amigo que lhe estendia as mãos. Amigos de várias classes sociais, para ele, todos iguais. Trabalhadores simplesmente!
Um homem simples que conseguia transformar sua dor em recomeço. Seu sofrimento em graça, nas páginas do livro, nas páginas da vida.

Entendi que o DNA é um texto escrito dentro da gente que vem se aperfeiçoando desde lá de trás. Coisas de família, coisas de Deus!
Cada um carrega nos genes uma purpurina divina que faz brilhar a alma, vão jogando serpentinas de sensibilidade trazidas de um emaranhado de fios...
Agora... O dom é uma explosão de confetes coloridos! É jogado no sangue e esse se manifesta como a festa de carnaval! Feliz daquele que manifesta seu dom, mesmo metralhado com confetes de naftalina fardada!
Feliz daquele Senhor Plínio Marcos que tocou na banda maldita, com maestria de um maravilhoso palhaço! Mesmo com o circo “queimado” continuou tocando.
Feliz daquele que tem no DNA o fio do artista, capaz de descrever seu sofrimento com bom humor e chegar à glória. Olhar pra trás e sentir que valeu a pena, que sua vida não foi em vão. Cada passo, cada surra, cada censura não calou sua voz. Mostrou a que veio. Lutar pela arte e a liberdade de expressá-la em qualquer segmento. Pelos trabalhadores, pelas flores, pelas cores no caminho de ir e vir.
Deixo aqui o manifesto de uma aprendiz:
- “Da água e da terra se faz o barro e a lama... Fez-se um vaso de perseverança”.
Para muitos com boca maldita, sem flores, mas, pra mim, tem a boca de um verdadeiro contador de histórias. Um jardim!


Elaine Barnes

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Sensações




Quero a sensação dos corpos se completando.
Pão quente com manteiga derretida!
Sentir o sabor dos beijos.
Queijo branco com marmelada!
Extasiar-me em desejos.
Borbulhas de champagne na taça!
Quero a sensação de perder o juízo.
Pipoca com pimenta!
Sentir o calor do teu deserto em chamas.
Chocolate e menta!
Quero a sensação de estar inteira.
Maria mole!
Ser um peixe nadando livre em seu mel.
Salmão e trutas!
Quero a sensação que sou única e você fiel!
Aí terei de ser uma salada de frutas!

Elaine Barnes (Com fome)

10/02/2009

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Algumas Mulheres...




Estava aqui a divagar, pensando nas mulheres dentro dos seus dramas pessoais.
Histórias reais que me contam, de como se sentem e como é estar em casa.
Vivem todas com suas contradições e maquiam o que as fazem sofrer.

Vem à pressão no trabalho quando tudo dá errado e a vontade imensa de voltar pra casa e descansar o corpo e a mente.
Puro engano! Tem mãe que não deixa!
Ao colocar o pé dentro de casa depois do trânsito...A mãe acaba de colocar fogo pra o seu inferno ficar mais quentinho.
Fala pelos cotovelos, das contas à pagar, do seu filho que largou sujeira e bagunça em tudo que ela limpou, te chama atenção porquê você não liga pra nada. Ainda vem com xingamento de egoísta, que você não reconhece nada do que ela te faz.
Quer fugir, mas, não tem pra onde, afinal, ali é sua casa e não tem direito a dormir sossegada. Ainda te resta os cachorros no quintal e corre pra eles pra ganhar afeto e entregar o seu.
Troca mais do que justa pra você, pois, a mãe que poderia beijar, só usa a boca pra lamentar.
O marido que nem é mais nada, bêbado, se recolhe fingindo que é inocente de ser também um encosto. Você percebe que seu lar não tem rainha, e sim um burro de carga. E pensa:- “Apaga a luz que eu quero esquecer!”.

Tem a que volta pra casa cheia de alegria dos filhos.
A casa cheirosa e limpa, o reconhecimento que é a melhor mãe do mundo e sente aquele prazer em estar lá.
Depois de descansar um pouco, vai pra cozinha fazer aquele jantar gostoso, mas, depois que enviuvou, mostrou-se grande guerreira e arrumou novo companheiro. Tomou um susto! Continua sozinha. Em volta da mesa você e seus filhos, porquê “ele” não assume que é marido, apenas namorado e não aparece antes das 23h, diz que a filha dele de 35 anos precisa ainda de cuidados e fica com ela tomando conta como se tivesse 3 aninhos.
Você venceu todas as barreiras, mas, a do amor entre mulher e homem parece que foi enterrada.
Grita, se coloca, fala da insatisfação, mas, “ele” faz cara de cão sarnento, diz que vai se curar e vai ficando na sua casa. Em nome do amor você maquia a situação e tem fé que vai melhorar. A sua casa ouve seu choro e angústia. “Você não quer estar com alguém porquê precisa, mas, sim por amor!” Pena que ele não sente o mesmo!

Tem as mulheres que voltam pra casa de madrugada depois de já terem passado por tudo isso. Curtem a liberdade de expressão e de ir e vir. Fazem o que querem e trabalham muito. Guerreiras da sobrevivência!
Já chutaram os bêbados e os encostados em seu próprio vitimismo. Já provaram que sobrevivem sem companheiros, amam a liberdade! Ainda cuidam dos filhos, mas, de forma diferente, dividindo tarefas e responsabilidades. Algumas ainda têm mães e irmãos que atormentam, cobram atenção e respostas, mas elas driblam e administram tudo isso. Como nada é perfeito... Sentem que a companhia de um homem seria muito boa, desde que fosse alguém diferente do seu passado. Reclamam que não encontram um parceiro independente: Ou eles estão separados de volta a casa das receptivas mães, ou tem de ficar com as crianças nos finais de semana, ou são desempregados, ou ligados na ex, ou só querem sexo e nada mais.
Enquanto isso elas dançam nas baladas e curtem o que a vida oferece. Sozinhas. Divertem-se, "ficam", são donas do seu corpo e suas vontades.

Tudo é muito complexo, não tão simples assim! Cada uma em seu papel, no seu momento, ajustadas a sua própria natureza. Algumas se dão chance, outras não, aprisionadas em conceitos que não são seus. Vão tentando se encontrar, buscando a si mesmas e criando coragem pra viver o que realmente querem e não o que foi imposto.
Vão separando as sementes do que lhe pertence de fato do que disseram que era verdade e compraram, trabalho que às vezes levam anos de juventude.
São guerreiras! Muitas lutam sem descanso sem tempo de olharem pra si mesmas. Outras já se dão prazer sem culpa, mas, ainda não se encontraram.
A maioria sente falta de um parceiro fixo, não querem casar novamente, mas, ter alguém pra partilhar o amadurecimento, uma chance de ‘fazer diferente”.Com liberdade e respeito a individualidade.
Poderia ficar aqui relatando histórias sobre o vazio que cada uma tem e deseja preencher de felicidade e alegria.

A mãe chata, as cobranças da família, do marido bêbado, do ausente, da falta de dinheiro, pressão no trabalho, justifica as loucuras e aborrecimentos de suas vidas,mas, o buraco é mais embaixo, foi cavado lentamente com pá de resignação. Hoje maduras não se submetem mais a muita coisa, porém, as sequelas ficaram e não explicaram como se faz depois. Conquistaram a independência, trabalham fora, agüentam as chatices e pancadas, dão conta da casa, dos filhos, das baladas, das contas, da sensualidade, da sexualidade despertada e quando voltam pra casa...Não tem um amor de verdade, não aceitam mais um amor de mentira que lhes roube a espontaneidade. Estão mais exigentes, seletivas e mais sozinhas, porém, mais maduras, mais confiantes no direito de fazer suas próprias escolhas.

Elaine Barnes Jan/2009


Minha Cozinha Vazia




Minha barriga ta ôca.
Coloquei arroz no fogo,
Linguiça na frigideira,
Enquanto cozinho um ovo.

Reguei algumas plantas com água de saudades.
Lavei o quintal e arrisquei umas pinceladas,
Mas, o sol derrubava minhas águas retidas...
Molhava -me a testa como o arroz que borbulhava,
E os olhos com água salgada.

Coloquei música pra encher de gente a cozinha.
Cantei e dancei sozinha,
Pelos caquinhos limpos e encerados,
Enquanto fritava a linguiça.
O gato me olhava intrigado com sua preguiça;
E eu dançava com as borbulhas do arroz cozinhando...
Enquanto picava a solidão num prato de salada.

Tudo desligado sorri para meu cão no quintal.
Fiz meu prato e o acomodei na pia.
Cantei meu bem...Meu mal...
Tudo zen, tudo assim...
É, hoje minha cozinha está vazia...
Vazia de amigas, de filhas...Vazia de mim!


Elaine Barnes

Para Choque Amarrado = Rabo Preso


Num breve momento de inspiração,
Peguei o papel na gaveta.
Sem saber o que escrever segurei a caneta.
Lembrei de você preso em uma teia...
Teia de aranha negra.

Em nome da inteligência,
Julgou-se muito pra mim.
Deixou-se seduzir pela corpulência,
Que de castigo era muito pra você.
Ela te envolveu numa teia;
Prendeu-te com ares de seda.

Você virou aresta,
Brinquedo de infância,
Coisa sem importância,
Esgrimista de criança.

Logo virou carro velho,
De para choque amarrado,
Com o próprio vergalho.

Rabo preso ainda enche a barriga!
Casamento de bigorna com bigorrilha.
Bodas de bobina!
Rabo preso em teia de malha vermelha,
Com ares de bombom...
Recheado de bombilha,
Embrulhado em teia de aranha negra.

Hoje te vejo com gratidão.
Guardo você como lição,
Toda ação recebe uma reação.
Sentada em camarote simples
Assisto você amarrado em trono de rabo...
Cheio de riqueza intelectual e material, sem falo.
Tão pobre de amor, guardado...
Escondido num canto, na ilusão que ninguém vê,
Sua bunda descoberta.
Ensinou-me a não depender de ninguém,
E o seu desdém me deu maturidade,
Sigo livre pela estrada!
Obrigada...Obrigada!


Elaine Barnes( Com o rabo livre pra escolher o papel e a caneta)

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Poema de Michelle- 1996


Danço ao som dos pardais,
Com emoção que faz de minh’alma...
A canção dos meus sarais.

Com a leveza das plumas,
Danço com as gaivotas,
Que encontram nas brumas...
A saliva dos beijos do mar.

Se o desabrochar da flor,
Alegra o pouso da libélula...
O bailar do beija-flor, traz amor,
Ao interior da minha janela.

Elaine Barnes (frase-O beija flor bailou pra mim), Inspirado no blog desenrolando os fios de Ariadne.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O "Nada" é ilusão. Não Existe!


Hoje estou aqui pensando no nada.
Penso no guarda noturno que não paguei e...Nada.
Penso no cabelo que não cortei, nada.
Penso nos imóveis que não vendi, nada.

Penso nas férias que não tive, nada.
Penso nas noites que não dormi, nada.
Penso nas palavras e não falei, nada.
Penso nas paisagens e não vi, nada.

Hoje estou assim a pensar no nada
E assim descobri que o “nada” não existe.
É uma palavra que justifica a preguiça,
A covardia... A sabedoria do silêncio.
Às vezes o “nada” é triste. Outras...Conquista.
Existe também no verbo “nadar” no vazio.
Bem...Aí é outra coisa.
Já vi o “nada” até num susto!
De tão surpresa, eu não disse nada.

Bem, pra esvaziar a mente,
Fiquei pensando literalmente em "nada".
Então, é isso. Vontade de não fazer nada.
E isso é nenhuma coisa. De modo algum!
A não existência. Nada, pronome indefinido...
O pato também nada, o peixe...Ah, aí é verbo de novo!
Nada disso, Ninharia!
Pra ficar sem pensar nada, nem mesmo no ninho,
só dentro do ovo!

Elaine Barnes ( nada a declarar)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

E as águas se encontram na pororoca da Ocaa


Mãe d’agua
Bolsa d’agua
Medo d’agua
Espelho d’agua
Água de parto
Água de charco
Água de cheiro
Água gelada
Água de côco
Água doce
Água boricada
Água de poço
Água da fonte
Água oxigenada
Água da ponte
Água da lágrima
Boca d’agua
Veio d’agua
Lençol d’agua
Olho d’agua
Água de enxurrada
Água do mar
Água do rio
Água parada
Água de beijo
Água marinha
Água de chuva
Água da vida
Água de cachoeira
Água da lagoa
Água de choradeira
Água da bolha
Água de oxum e Iemanjá
Água de Orixá
Água da pororoca
Água que batiza a Ocaa.
Homenagem a criadora deste blog Obrigada Marcia

Elaine Barnes ( Uma água só)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Festa no Coração da Princesa Ynaeh










Hoje é festa lá na Ynaeh
Pode aparecer, vai rolar
Parabéns pra você.
Tem pão de metro recheado de patê
Presunto, queijo, alface e tomate...
Feito no capricho pela Fê.
Tem batatinha temperada
Com salsinha e cebola ralada
Que a Elaine fez com prazer.
Tem bolo de princesa
Que a Bete com destreza
Arriscou e acertou fazer.
A avó Célia trouxe brigadeiros,
Que na boca vão derreter.
Tem bexiga azul e branca,
Que as vizinhas vieram encher.
Tudo pronto pra receber você.

Opa, o pessoal ta chegando!
Lá vem a Michelle com sua beleza de fada!
Fernanda com sua beleza morena.
Elaine com a pálpebra inchada...
E o Lucas querendo a merenda.
A família da Bete chegando animada.
O pai da Ynaeh marcando presença...
Deixando a pequena sem mágoa.

Piura e Inês com a molecada,
Fazendo barulho na chegada,
Trouxeram a alegria de viver,
Nas histórias tão engraçadas!

Hoje é a festa da princesa Ynaeh
Hoje tem criançada?
Tem sim senhor!
E só posso agradecer
Ver felicidade da Cinderela
Na simplicidade de oferecer
O primeiro pedaço de bolo para o pai.
Como a ofertar um pedacinho...
Da sua própria natureza

Ver essa cena singela,
Que em seis anos de espera,
Por um mérito dela, realizava
O sonho de uma pequena princesa...
Em ter na mesma fotografia,
Pai , mãe e filha,
Sua rainha e seu rei.
Parabéns pra você !
Que esta data querida,
Não te deixe esquecer,
Que de todos os presentes,
O maior foi você quem deu,
Espalhou sementes de bem querer!
Elaine Barnes ( Só a pálpebra inchada, mas, enxergando pelos olhos da criança)


Barulhos da Minha Rua


Pequena e estreita, ela desce inclinada.
Minha rua é barulhenta, de silêncio não há nada!
O marceneiro serra, lixa, martela e a madeira entalha.
Os cães uivam, ladram, gemem, farejam por nada.
A música suave, aos poucos o volume vai aumentando.
A mãe chama o filho, dali a pouco sai berrando.
O carro que não pega, também berra: Acelera!
As crianças deixam os cadernos,
Escrevem no céu com letras cortantes,
Marcando território com pipas pequenas e gigantes;
Sua infância única no coletivo universo.
Os telhados rangem pisados e as telhas quebrando;
Sem poesia sem verso, o que se ouve é xingamento.
É o caos! Minha rua é pedrada, vidraça trincada e batucada!
É mistura de raça, alegria, briga e mão na massa.
É casca de banana na amarelinha sem calçada.
É o lugar que se reúne em festa, velório e casamento.
Mas, descansa sossegada quando a noite com a chuva se lava.
Minha rua então se deita inclinada pra enxurrada passar.
E assim distraída e cansada, me deixa ouvir enfim,
O silêncio da madrugada.

Elaine Barnes 10/11/1995