Ela era uma na multidão feminina.
Há quem diga que a multidão era ela.
Conheci esta mulher perdida, vagando pelos trilhos...
Perdeu o trem, não viu a paisagem.
Na estação sem primavera... nenhuma flor, nenhuma passagem.
Observei aquela mulher de estranha beleza,
Vi no seu rosto uma sutileza,porém o olhar era escuro, sem luz ;a boca entre aberta em lábios carmim e ancas volumosas; tão mortas!
Seu caminhar era pesado como se arrastasse o mundo.
Estendi-lhe a mão e pude sentir a frieza sem sangue.
Disse-me em tom baixo e casto,que fora vítima de engôdo.
Sonhara em amar, desejar, se entregar ao prazer...Proibido.
Castrada no seu viver, queria ser uma pedra preciosa, transparente...
Tornou-se uma luz guardada, como fosse a gema do ôvo.Há quem diga que a multidão era ela.
Conheci esta mulher perdida, vagando pelos trilhos...
Perdeu o trem, não viu a paisagem.
Na estação sem primavera... nenhuma flor, nenhuma passagem.
Observei aquela mulher de estranha beleza,
Vi no seu rosto uma sutileza,porém o olhar era escuro, sem luz ;a boca entre aberta em lábios carmim e ancas volumosas; tão mortas!
Seu caminhar era pesado como se arrastasse o mundo.
Estendi-lhe a mão e pude sentir a frieza sem sangue.
Disse-me em tom baixo e casto,que fora vítima de engôdo.
Sonhara em amar, desejar, se entregar ao prazer...Proibido.
Castrada no seu viver, queria ser uma pedra preciosa, transparente...
Num tom muito baixo, tanto quanto seu olhar, em transe, buscava um sentido.
Um apito ao longe gritava seu sofrer e lhe oferecia um vagão. Um abrigo.
Afastou-se de mim arrastando sua multidão infeliz e doente. Rogava uma chance.
Eu soube que naquela estação ela vagava há anos vestida em "calcinha de vidro".
Só queria pegar o trem e seguir sua própria viagem, um mito!
A multidão de mulheres a perseguia e os homens fugiam.
Confusa perdia o trem da liberdade e encontrava só num trilho.
Seguia preciosa e transparente vestida de vidro embaçado de falsa castidade.
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