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domingo, 14 de junho de 2009

Beijo de Panela


Na panela tem manteiga,
Leite condensado,
Chocolate amargo,
Vou fazer uma besteira!

Depois do brigadeiro pronto,
Acrescentei creme de leite;
Piquei bolachas de maizena,
E coloquei na geladeira.

Experimenta!
Vai de colherada sem problema!
Tem sabor de amor...
Com paixão verdadeira.

Derrete na boca e esquenta,
Como um beijo caliente.
Tem o “hum” da pálpebra fechada...
E o doce da língua carente.
Elaine Barnes

Virando a Página


Hoje eu quero começar a fazer as malas.
Juntar tudo que me pertence. Até eu mesma.
Levar comigo os bons momentos;
O conhecimento, o amor, a dignidade, a lealdade.
Carregar o carro com as malas da alegria,
Discernimento e novas possibilidades.

Quero deixar pra trás o açoite,
Que me roubava as estrelas da noite,
E me batia com as mentiras mais frias,

Os engodos da falsidade e crueldade,
Deixo para seus donos e senhorios.
Estou tirando o lodo da garagem,
Vou deixar tudo bonito!
Embarcar em uma bela viagem...
Dar vida nova ao meu sorriso.

Elaine Barnes( De chão brilhante e luz no teto)

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Luz da Colher


E aqui nessa casa vazia, pelo terceiro dia,
Sem nada poder fazer a não ser esperar...
A luz! Sem ela não tem como lixar os tacos!
Amarrada, sem sair e sem poder trazer os trecos.
Não antes de a poeira levantar!

Vasculho na cozinha entre os cacarecos,
O antigo inquilino deixou rastros.
Quero fazer alguma coisa aqui, me ocupar!
Eis que surge, entre os restos...
Uma bendita colher!

Lá vou eu pra rampa da garagem.
Sento-me numa tábua sem outra pra escolher;
E começo raspar o lodo com coragem.
Pacientemente vou cavoucando,
Retirando o lodo com a bendita colher!

É mesmo uma luz brilhante!
Paciência, tolerância...O adeus!
Prostrada, raspando o chão;
Negociando, falando com Deus,
Com uma colher de sobremesa na mão!

De repente a chuva me põe em pé.
Faz frio também e tenho que entrar.
No vazio da sala há uma velha cadeira,
Fico aqui sentada orando com fé;
Olhando as árvores se banhando.

Há uma laranjeira carregada.
Penso no bagaço da laranja,
Espremida até o fim.
Não é vítima, oferece o fruto;
Vêm os pássaros... É assim!

A chuva parou e lá vou;
Negociar com o lodo.
Ele sempre nascerá,
Assim como as laranjas.
Ah! Enfim, a luz chegou!

Elaine Barnes ( 3 dias esperando a Eletropaulo)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Liguem a Luz!


E esta luz que não vem?
Entro, saio, espero.
Teste de paciência.
Nada funciona.
Tem aqui fora uma flor
É amarela. Destaca-se no verde.
Penso que ela só precisa da luz do sol,
Terra boa e água.

E eu penso na minha terra...
Sempre precisando de adubo.
A água que vem é revôlta, de emoção;
Rega-me às vezes com enxurrada.
Me solto e vou com ela, arrastada...
Até me fincar em lugar novo.
Mas, as flores sempre me acompanham.
Ao meu redor, muitas delas;
Preenchem de cor meu olhar assustado.
O vento forte me trás alguns espinhos,
Eles cravam em meu caule,
Mesmo assim arrisco uns botões,
Enquanto os retiro de mim.
Sempre desabrocham as flores,
Depois que a tempestade passa.
Minha terra se fortalece,
A água mata minha sede.
Penso, contemplo, agradeço,
Me movimento!
E a luz? Bem...
Enquanto não a ligam...
Que ela seja de sol!

Elaine Barnes ( Esperando a Eletropaulo há dois dias)

sábado, 6 de junho de 2009

Aspecto Inferior


Consciente do parto difícil,
Ela expulsou pra fora de si,
Uma parte sua desconhecida,
De aspecto rude e lábios de fúria.

A bolsa gotejava letras de sangue.
Palavras duras escritas na ira;
Levando-as agora em águas revoltas...
Todas as meninas e suas mentiras!

Seu aspecto inferior gritava!
Nasceu sem fórceps, mas com ferrões na cabeça;
Sem educação, sem sutileza...
Sem razão, nem realeza.

Nascida do mais primitivo,
Em gritos de alma aflita...
Sustentava seu mito de Tocandira,
Fez-se em parto de armadilha.

Nasceu enlouquecida e desmedida.
Defendeu-se do que não viu, inventou.
Bateu sem dó na sua vida de rainha...
Sem perceber que era só uma formiga.

Era Tocandira primitiva;
Com ar de fera ferida.
Nasceu lá das profundezas...
Mas, dizia-se da terra batida.

Elaine Barnes

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Enfim...Sós!!!


Quem sabe agora os vulcões adormeçam,
Quem sabe agora as cirandas dêem à volta e meia,
E as crianças se livrem da maldade,
Ao quebrarem os anéis de mentira.

Quem sabe agora as marés se acalmem,
Depois de salivar veneno pela cidade,
Cuspindo os elos perdidos no fundo,
Lambendo a tona do seu túmulo.

Quem sabe agora o vento se cale,
E o movimento seja de verdade,
Que a atitude não seja em vão,
Que a areia se renove no chão.

Quem sabe agora a faca descanse,
E as culpas se perdoem.
Que os inocentes se livrem,
Da fúria cega da paixão.

Quem sabe agora que o bode foi expulso;
Mirem-se sós no curral,
Encarem os próprios demônios...
E partilhem estátuas de sal.
Enfim....Sós
Elaine Barnes