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quinta-feira, 11 de junho de 2009

A Luz da Colher


E aqui nessa casa vazia, pelo terceiro dia,
Sem nada poder fazer a não ser esperar...
A luz! Sem ela não tem como lixar os tacos!
Amarrada, sem sair e sem poder trazer os trecos.
Não antes de a poeira levantar!

Vasculho na cozinha entre os cacarecos,
O antigo inquilino deixou rastros.
Quero fazer alguma coisa aqui, me ocupar!
Eis que surge, entre os restos...
Uma bendita colher!

Lá vou eu pra rampa da garagem.
Sento-me numa tábua sem outra pra escolher;
E começo raspar o lodo com coragem.
Pacientemente vou cavoucando,
Retirando o lodo com a bendita colher!

É mesmo uma luz brilhante!
Paciência, tolerância...O adeus!
Prostrada, raspando o chão;
Negociando, falando com Deus,
Com uma colher de sobremesa na mão!

De repente a chuva me põe em pé.
Faz frio também e tenho que entrar.
No vazio da sala há uma velha cadeira,
Fico aqui sentada orando com fé;
Olhando as árvores se banhando.

Há uma laranjeira carregada.
Penso no bagaço da laranja,
Espremida até o fim.
Não é vítima, oferece o fruto;
Vêm os pássaros... É assim!

A chuva parou e lá vou;
Negociar com o lodo.
Ele sempre nascerá,
Assim como as laranjas.
Ah! Enfim, a luz chegou!

Elaine Barnes ( 3 dias esperando a Eletropaulo)

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